terça-feira, 2 de setembro de 2014

Muro desaba, atinge três casas e fere duas pessoas em Feira

Dois feridos, uma casa condenada e mais dezenove em risco de desabamento. Este foi o saldo do deslizamento de terra no caminho 6 do loteamento Amaralina no bairro Gabriela na tarde de segunda-feira, 1º. Um muro com cerca de 10 metros de cinco casas que estavam sendo construídas desabou e atingiu três imóveis que ficam na parte de baixo da encosta. O restante dos imóveis corre o risco de desabar caso haja novos deslizamentos no local. A Defesa Civil orientou os proprietários dos imóveis a deixarem o local.

"Deus colocou a mão. Minha filha estava tomando banho quando o muro desabou e atingiu o banheiro. As paredes caíram por cima dela que cortou a perna e minha cunhada que está grávida de 3 meses teve um corte no pé", contou, ainda assustada, a dona de casa Lindinalva Rodrigues dos Santos.

A casa dela apresenta rachaduras e com paredes soltas e pode desabar a qualquer momento. "Poderia ter sido pior, pois meus netos e sobrinhos estavam brincando aí no fundo. Minha mulher os tirou de lá e o muro caiu. A fossa cedeu com todo o entulho que caiu aqui", lembrou o esposo da dona de casa, Antônio de Jesus.
A autônoma Maria Joelma de Jesus Almeida teve a laje de sua casa atingida e com isto as paredes estão rachadas. "Passei a noite em claro na casa de vizinhos, pois como poderia dormir já que a casa fica estalando? Não confio ficar aqui dentro de jeito nenhum", disse.

A costureira Eliane de Jesus Soares disse que ao ouvir o barulho do desabamento acreditou que a sua casa estava caindo. "O barulho foi tão forte que pensei que a casa estava desabando. Saí correndo puxando o meu filho. Uma das vigas bateu na parede da cozinha por sorte não desabou tudo", contou, mostrando um dos muros da casa que caiu com o impacto dos entulhos.

As casas estão sendo construídas pelo empresário Carlos Antunes, que segundo os moradores já construiu outras casas na mesma rua e em outras vizinhas. Na obra não existe nenhuma placa com informações sobre a construtora e nem engenheiros responsáveis e nem se a mesma tem autorização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

Trabalhadores que estavam em um dos imóveis informaram que a obra é feita por uma empreiteira contratada pelo empresário, mas não souberam informar quem é o responsável ou o contato do mesmo. Nas cinco casas que estavam sendo construídas é visível a presença de rachaduras. A obra fica ao lado de mais 12 casas do mesmo dono, algumas já com pessoas residindo e outras ainda em fase de acabamento.
Na parte do fundo, nota-se que os muros dos imóveis são feitos sem nenhum tipo de contenção. Em um deles, as colunas apresentam até 5 centímetros de afastamento da parede. Neste local seis imóveis foram construídos pelo mesmo empresário. "Comprei uma das casas construídas por ele e nos fundos é uma encosta onde tem mais imóveis construídos. O muro já apresenta rachaduras e barrigas, o que nos deixa com medo", afirmou Elias Cosme Honorato Almeida.

Os moradores prestaram queixa na delegacia e denunciaram o caso ao Ministério Público. Técnicos da Defesa Civil estiveram no local e, após inspeção, condenaram três imóveis e alertaram os moradores de mais 17 para que deixem o local até que a situação seja resolvida. "Um imóvel está totalmente condenado, deve ser demolido, e outros dois correm o risco de desabar. Orientamos os proprietários a deixarem os seus imóveis, pois há ainda o risco de deslizamento", informou o coordenador interino do órgão, Jorge Pinho.

Ele informou ainda que o proprietário da obra será notificado e que deverá assumir todo o dano causado. "Nós iremos solicitar que ele faça urgentemente uma obra de contenção para que novos deslizamentos não venham a ocorrer. Enquanto isto, orientamos cerca de 17 moradores a deixar seus imóveis até que a obra seja finalizada", explicou.

O engenheiro da Defesa Civil, Pedro Elias Pinheiro Nassif, explicou que em uma avaliação inicial dá para afirmar que a obra é irregular e que não há um profissional responsável. "Notamos isto porque não há sustentabilidade da encosta, além disto, pela qualidade do material e dos serviços posso afirmar que não tem engenheiro responsável. Estou sendo taxativo. Esta obra deve ser embargada pois é uma bomba que pode explodir a qualquer momento. Isto aqui é só um aviso do que pode ocorrer", frisou.

Um relatório deve ser confeccionado pelos técnicos da Defesa Civil no prazo de 8 dias e será encaminhado para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), que deverá solicitar ao proprietário a documentação exigida para que a obra seja realizada.

Procurado pela reportagem de A TARDE, o empresário Carlos Andrade não quis falar sobre o assunto. Um funcionário de prenome Deni falou com a reportagem por telefone e informou que o empresário irá se responsabilizar por todos os danos causados nos imóveis, inclusive já estaria providenciando o aluguel de casas para abrigar as famílias atingidas.

Fotos - Luiz Tito | Ag. A TARDE

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